terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Tantas vezes por dizer

-A morte mora na dor e na felicidade.

Disse-te tantas poucas vezes que gostava de ti. Talvez te tenha dito mais vezes na morte que te amo do que na vida. Amo-te tanto e não te disse tudo. Gosto-te tanto e fiquei tantas vezes por dizer.

Mas eu sei que te amei. Toda a minha vida para o resto dela. Eu sei que sempre fui tua e sempre bati na mesma frequência que o teu coração. Sei que sempre soubeste o amor que te tinha para dar. Sei que sabes porque de todo o amor que absorvias de mim as duas metades que dele viviam eram tuas. Sempre quis ser como tu. Sempre quis ter a tua força, sempre quis ter o teu sorriso. Sempre sonhei conseguir acabar com as tuas lágrimas. Sempre me segurei na tua mão, me escondi debaixo dos teus vestidos, sempre quis vestir os teus anéis e sempre desejei ser tão bonita como a tua imagem aos meus olhos. Sempre foste tão bonita. Do tamanho do mundo enchias os meus sonhos: desde os mais pequenos como aprender a caminhar aos maiores como aprender a voar. Sempre me disseste a verdade: que eu ia ser grande. Que o meu coração não ia caber no mundo inteiro. Que o meu coração ia ser feito de metades, uma cheia de dor e outra absorvida de uma infinita felicidade. Sempre quiseste que eu fosse uma menina-super-mulher. Sei que sabes que sempre o fui. Que choro, infinitamente todas as noites. Que sou feliz, da mesma maneira e da forma mais íntegra, completa e capaz. Sabes que fui feita para ser de amor. Para me dar devagarinho ao mundo. Mas para arrebentar com tudo quando fosse a minha vez. Quatorze anos depois da tua morte consigo ser aquilo que desejavas de mim. Vinte e quatro anos depois de começar a viver vivo sem ti mas com tudo o que sempre foste. Orgulho-me de ser tua. De poder dizer com toda a minha energia que sou uma alma quebrada mas que tenho tanta força. Para vencer, para ser mais, para ser melhor, para ser cada vez mais um bocadinho daquilo que foste enquanto os teus olhos sobrevoavam o mundo inteiro. Prometo a mim própria prometer-te a minha calma quando o coração estiver demasiado magoado para sorrir. Prometo a ti própria ter a certeza que as minhas lágrimas serão a semente para agarrar a força que liberto quando sofro por ti. Ou pela tua falta. Prometo, à vida que me agarra e que me repete para ser feliz, que serei sempre a certeza de que o melhor estará sempre para vir. Mas que foi com o que ficou para trás que hoje me sento na cadeira dos sonhos. Que foi com aquilo que trago em todas as gavetas que escondo que serei o melhor de mim para lembrar ao mundo que existiu algo e alguém como tu. Que pessoas brilhantes nunca desaparecem verdadeiramente quando são destinadas a brilhar. No escuro, no silêncio, por entre os bosques da dor do mundo, por entre os sorrisos que nunca chegam a ser descobertos, existiu alguém como tu que é capaz de segurar o mundo inteiro apenas com a sua tenacidade e a sua garra.  O teu corpo morreu mas é com tudo de ti que sou capaz de dar cada passo que dou. O teu corpo morreu mas parece mentira dizer que morreste. Será que o mundo alguma vez vai perceber que a tua morte foi o seu pior erro? Será que por entre os mistérios da vida não ressurjas? Será que não morreste e viveste logo de seguida em mim? Será que para mim será mais fácil acreditar que cada palavra que escrevo és tu que escreves. Será que dou por mim a perceber que és tu quem escreve. És tu quem tenta falar comigo. És tu quem está dentro de mim para me encontrar. És tu que me amas e desejas loucamente assim como eu voltarmos a falar. 

Ai que saudades tenho de te falar.
Ai que dor tão forte que me mata.
Que saudade tão avassaladora que te faz viver de novo.
Que morte é esta que vive na dor por entre a felicidade. Que morte é esta que mora na felicidade por entre a dor........

Hoje há festa no céu

 Hoje há banquete no céu, E os anjos batem palmas Rodopiando por entre as nuvens.   Hoje há banquete no céu, E a tua gargalhada ec...