quinta-feira, 27 de julho de 2017

A minha promessa eterna

Uma dor que afoga todas as marés. Que incendeia qualquer terramoto. Uma vontade inquebrável de desfazer as barreiras físicas da morte. De esmurrar os caminhos que me fizerem perder de ti. Viver sem ti é a maior luta da minha vida. Uma procura constante do equilíbrio entre a dor da tua saudade e a paz que a mesma me traz. Uma luta pela sanidade que me mantém feliz por te conseguir trazer ao mundo e pelo facto de ser grotesca a falta que me fazes. Às vezes não sei como serão os momentos a seguir. De outras tenho a certeza que será tudo sempre belo por viver contigo no coração. Segundos em que vivo com a certeza sólida que manterei a solidez. Segundos em que temo desfazer-me em tantos pedaços que seja impossível a sua retoma.  Há pedaços vazios. Há faltas que eu não sei como compensar. Como existem pedaços em mim tão cheios. De ti. Da felicidade que construímos. De todas as frações de amor que conseguimos produzir. Minha flor. Há saudades que nos gelam tanto que aquecê-las com a tua vinda seria a minha salvação. Saudades impossíveis de escapar mas que são tão simples. Como a saudade de te ver feliz. A sorrir. A gargalhar. A felicitar quem te via. Quem percebia o ser enorme que eras (porque ainda hoje mo dizem). Ainda hoje se lembram de ti, com um aperto de saudade que transparece pelos olhos dos mesmos. Com um brilho no olhar sempre que soletram o teu nome. Deixaste um rasto de amor enquanto cá estiveste. De garra, de força, de bondade. Prometo tentar compensar tudo aquilo que sofro com a tua falta com tudo isso. Prometo-te a minha vida recheada. Prometo ser fiel a tudo o que me deixaste. Ao que me prometeste com o olhar, antes de o fechares. Guardarei e reproduzirei o que eras sempre como se todos os dias fossem de sol. Direi, orgulhosamente, que eu e tu vivemos, eternamente juntas, em dias de sol. A luta entre o amor e a dor estarão sempre no semear de tudo o que sou. Prometo-te, todos os dias, em silêncio, em bom som, que nunca deixarei de combater esta guerra. Prometi-te, segundos antes de saber da tua morte, que nunca morreríamos. A promessa é essa.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Se fosses inteiramente viva

Se ao menos pudesse fazer-te real. Inteiramente viva. Preciso falar-te, solucionar-te, abraçar-te, criar-te, escrever-te, falar-te. Se ao menos pudesse resgatar-te de todos os anos que te roubaram de mim. Matar quem te matou. Incendiar a célula que rebentou contigo. Se ao menos a dor que me escorre conseguisse ser o suficiente para que o teu coração começasse a bombear. Se ao menos conseguisse matar esta saudade que me impede de viver tranquilamente, sem ti. Queria-te tão viva para cuidares de mim. Tão real para que nunca me sentisse sozinha. Tão minha para que nunca desistisse de ser de alguém. Se ao menos pudesses voltar a ser inteiramente viva. Do meu lado. Se ao menos a morte não fosse infinita e certa. Tão longa e rápida. Tão merecedora de ódio. Se ao menos a morte tivesse remédio. Se ao menos o remédio fosse a tua vida. Se ao menos fosse este amor suficiente capaz para te resgatar de um corpo que não é o teu. De um corpo morto que não faz jus à simplicidade ténue da tua beleza. De um corpo que não engloba os significados deslumbrantes de um sorriso que era o teu.  Se ao menos conseguisse encontrar os teus cabelos doirados outra vez. A tua pele rasgada pelo sol. Os teus conselhos vestidos de amor. Ai quem me dera ser dona da morte e obrigá-la a fazer-te vida. Quem me dera ser a vida que te ressuscitasse. O vampiro que te desse a vida eterna. Quem me dera que o meu coração não chorasse tanto a tua morte. Que a minha garganta não estremecesse tanto, que as minhas lágrimas não penetrassem cada vazio daquilo que sou. Por não te ter. Por desejar que fosses real. Minha. Inteiramente viva. Linda. Feliz. Se ao menos pudesses usar os teus vestidos outra vez. Se nos pudesses abraçar pelo menos mais uma vez. Se ao menos tudo não fosse um se e estivesses do nosso lado, inteiramente real. Se ao menos nunca tivesses partido e fosses inteiramente viva. Se ao menos pudéssemos ser senhores das dores que nos acodem a alma. Se ao menos eu nunca tivesse conhecido esta dor que arrebenta com tudo....

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Como algo que é meu

Penso em ti como algo que é meu. Intrínseco ao que sou e ao que faço. É mesmo isso: és algo que sou. A partir do momento em que abro os olhos quando acordo e no momento em que os fecho para te sonhar. És-me. Em todos os momentos do dia e da noite. Em todos os segundos em que consigo pernoitar nas noites em que gostava que fosses tu a minha despedida para o próximo dia. Nos dias em que o meu bom dia estava esplendidamente no sorriso do teu olhar. No rosto tão bonito com que nos amavas, a toda a hora. És a saudade que me escorre. Os dias que gostava que fossem nossos. Aqueles que são meus por serem a felicidade que me desejarias, e desejas. És algo no que sou e vives porque respiro. Acreditando que mesmo no dia em que isso cesse continuaremos a voar por entre o mundo. Porque pessoas como nós sobrevivem no tempo: e isso foi algo que apanhei e aprendi contigo. Numa saudade bonita que me faz desejar estar de novo ao teu lado. Numa saudade sangrenta que me faz doer cada músculo do meu corpo. Sinto-te. Com falta. Com força. Com berros que rebentariam todas as albufeiras do mundo. Com um sentimento que não se define mas que se espalha por tudo o que sou. A saudade é o maior reino do mundo, a seguir ao amor. É nele que nasce esta vontade esmagadora de querermos saltar entre o mundo da vida e da morte. A mesma que nos faz crer que são os mesmos mundos, só que algumas pessoas vivem escondidas a brilhar dentro de outras. Acredito que foi assim que nasceste depois de teres morrido: em mim.Acredito que é assim que viverás eternamente e que só com esse pensamento consigo ser quem sou. Feliz. Dona de vontades reais. Lutadora por descobrir os mundos todos em que vives em mim. Com a esperança que nascerão sempre novos mundos todos os dias em que te possa abraçar invisivelmente. Esta força que me acolhe arrebenta com tudo Mãe: acho que ela tem o teu nome. 

Acho que tudo tem o teu nome....

quarta-feira, 5 de julho de 2017

O amor sabe bem no silêncio. Sem festas, purpurinas ou espectadores. O amor sabe bem quando é no quentinho do que somos   com alguém que vivemos. Aleatórios ao que não é preciso. Saborosos o suficiente para saber onde está a doçura. Nos momentos que ninguém irá descobrir por nós. Nas alturas em que o céu deixa de ser uma fronteira. Pergunto tantas vezes onde anda o amor no silêncio. Porque é que toda a gente faz barulho. Quem pensa nos gritos de amor que daríamos sem falar.  Hoje pensei nos dias em que beijamos o mar salgado nos lábios de alguém. E nos descobrimos tão doces. No arrepio que provoca a vibração de ser de alguém. E nos sentimos tão fortes. Hoje provei do silêncio mais bonito do mundo. Amar o que não se vê é a maior dádiva do mundo.

Onde está o amor no silêncio sem purpurinas, festa ou espectadores?

sábado, 1 de julho de 2017

Para ti que me ouves. Ou me lês. Ou me tocas. Para ti que escreves as minhas letras. Para mim que sou ti dentro delas. Num espaço oculto onde tudo é visível. Num lugar tranquilo que causa tanta entropia. Para mim que embrulho o que sou, e só assim desembrulho quem és. Há uma mistura inerme que se torna sedenta. Uma loucura que não tem medo de acalmar. Esse teu que me ouve. Talvez que me leia. Até me toque. Talvez seja no total desiquilíbrio que controlamos as cartas. De uma vida que não é um jogo. De um baralho que não tem cartas. Quem somos nós senão aquilo que não controlamos. O que seria se não controlassemos. O que somos quando queremos ser. Quantas asas teremos se descobrirmos que vamos sendo todos os dias. O que dirás tu. Que me lês. E me descobres. E te apercebes. Talvez somos embrulhos por embrulhar. Mas que a melhor surpresa é descobrirmos como nos encontrar.

Hoje há festa no céu

 Hoje há banquete no céu, E os anjos batem palmas Rodopiando por entre as nuvens.   Hoje há banquete no céu, E a tua gargalhada ec...