Escrever-te-ia aquilo que de tão difícil não sei te sei dizer. Nem a ninguém. Dizer-te-ia aquilo que tanto escurece a tristeza que me vive. Mas não sei. Apenas tento. O que te sei contar é que nem todos os dias são bons dias. Por mais que te tenha prometido que não o fossem. A tua partida, deixa-me dizer a tua morte, é tão dolorosa ainda. A tua saudade fere tanto. A tua falta rasga-me tanto. Que te escreveria o quão vivo feliz de ter sido tua mas não posso ser só isso. Sou tanta coisa. E dentro disso há tantos espaços que sofrem tanto. Lacunas tão grandes que desfazem a serenidade de tudo o resto. Perguntas tão sólidas e escritas a negrito que rompem com o equílibro que às vezes penso ser dona. Sou tão dona de uma gor aguda às vezes que sinto-me triste de ter de te contar. Quem me enregela saber que sabes que estou a sofrer. Que me perturba tanto teres morrido e ainda me veres assim sem me puderes tocar. Desejava ser plena o tempo inteiro. Por ti. Pela tua eternidade. Mas não consigo esconder de ti o tormento que é não ter aquilo que os outros têm. A melancolia de ver passar por mim aqueles que tem na sua mão uma mãe para amar e abraçar. Eu sei que te tenho na mesma ou ainda em maior dimensão. Mas custa tanto não ter o que os outros têm. O porquê de termos sido nós. A aflição de não poder ser eu a abraçar a minha mãe com beijos. A dor de saber que nunca mais tocarei nos cabelos da minha mãe. Nunca mais serei eu e a minha mãe juntas num jardim à beira mar. Há sentimentos que nos transcendem. E estes que envolvem a minha vida depois de ti transcendem-me a todo o tempo. Nunca serei dona deles mas sim o contrário. Por isso desculpa fazer-te sofrer por sofrer por ti.
Haverá dias que serão sempre mais escuros.
Nos outros prometo ser aquilo que éramos quando vivíamos juntas passeando num jardim à beira mar.
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